Carro é um bem que aumenta o custo de vida das pessoas. É como se fosse um membro da família. Ele precisa comer (combustível), precisa ir ao médico (oficina), precisa tomar banho (lavagens). precisa pagar seguro e impostos. Você pode até comprar um carro com dinheiro que não tem através de um financiamento. Mas quem vai pagar as despesas mensais produzidas pelo veículo? Será que a sua renda familiar é suficiente para pagar as prestações e estas despesas? Vamos conversar hoje sobre este assunto.

Quem compra um carro popular à vista pode ter que pagar outro só com as despesas que ele irá gerar nos primeiros 3 anos de uso. Quem compra o carro financiado ainda terá a infelicidade de pagar o preço de 2 carros e receber só um, porque o outro vai para o banco em forma de juros e taxas. Veja os gráficos abaixo para sentir o problema:

Custos dos primeiros 3 anos de carro à vista

Custos dos primeiros 3 anos de carro financiado

Veja no quadro as despesas geradas por 10 modelos diferentes de veículos populares nos primeiros 3 anos de uso.

Isto significa que você irá comprar um carro de R$ 27 mil e depois de 3 anos terá gasto mais R$ 32.100,00 para mantê-lo. Na prática teria desembolsado R$ 59.200,00 (27.100,00 + 32.100,00) pelo carro e pelas despesas que ele gerou. Existe ainda o custo de oportunidade que não aparece na tabela. Se você tivesse investido os R$ 59.200,00 por três anos recebendo 0,50% ao mês teria ganho R$ 11.643,49 de juros.

Seu patrimônio seria de R$ 70.843,49 (59.200 + 11.643,49) caso não tivesse comprado o carro. Já a pessoa que comprou o carro à vista teria de patrimônio um veículo velho com 3 anos de uso valendo R$ 21 mil e uma dívida para pagar. Ao todo teria gasto e deixado de ganhar e guardar R$ 49 mil em apenas 3 anos. Já o sujeito que financiou o carro teria uma situação pior ainda pois além das despesas com o veículo e o custo de oportunidade ainda teria despesas financeiras com pagamentos de taxas e de juros. Como veremos mais na frente o carro financiado em 60 meses custaria mais de R$ 58 mil. Se somarmos 60 meses de despesas para manter o veículo o custo chegaria próximo de R$ 100 mil em 5 anos.

É por isto que muitos especialistas em educação financeira recomendam que as pessoas façam os cálculos para avaliar se realmente compensa ter um carro. Muitas vezes andar de ônibus ou de táxi é uma opção melhor quando existem coisas mais importantes para comprar. É o caso de quem sonha com a casa própria. Eu falo sobre este assunto no Livro Negro do Financiamento de Imóveis. Comprar um imóvel deveria ser uma prioridade se comparado com a compra de um carro, mas cada caso é um caso. Existem pessoas que precisam do veículo para exercer a profissão. Existem cidades sem boa estrutura de transporte público. Existe a questão da segurança. Em algumas cidades andar de táxi é muito caro e as linhas de ônibus são insuficientes para todos os destinos. Por isto a decisão de comprar um carro ou andar de transporte público é muito pessoal. O importante é que você pelo menos saiba que as contas precisam ser feitas para tomar esta decisão, principalmente se você não possui uma boa renda familiar.

Economize R$ 600,00 por ano

Observe na tabela acima que as despesas com combustível representam grande parte do todo. Quem roda muito, mora em cidade engarrafada, trabalha visitando clientes ou viajando para outras localidades e compra carro com elevado consumo, acaba pagando mais caro por ter um veículo na garagem. Distâncias e engarrafamentos são variáveis que você não possui total controle. Por isto é fundamental observar o consumo do veículo que você pretende comprar. Escolher um carro que faz 10km/l ou um que roda 9km/l pode significar R$ 600,00 dentro ou fora da sua conta bancária a cada 12 meses. Quanto maior o preço da gasolina e maior a distância percorrida por ano, maior será o impacto negativo na sua renda. A escolha do carro com baixo consumo é fundamental.

Baixe a Planilha de Simulação

Você mesmo pode calcular os custos de ter um carro utilizando a planilha gratuita desenvolvida pelo Clube dos Poupadores. Baixe e compartilhe com seus amigos. Clique aqui para acessar a página de planilha. Assine o clube gratuitamente cadastrando seu e-mail clicando aqui e receba novas planilhas por e-mail.

Nem sempre o carro mais barato é mais econômico

Você não pode olhar só o preço do carro antes de comprar. Precisa avaliar o custo de mantê-lo funcionando nos primeiros 3 anos. Você vai observar que existem veículos mais populares e baratos que possuem o seguro muito caro. Isto ocorre porque os populares são os mais visados pelos criminosos. Muita gente compra carros como Gol e Celta olhando a depreciação. Carros mais populares possuem grande demanda por usados e por isto desvalorizam menos. Mas se você pretende pagar seguro esta vantagem acaba indo para o bolso da seguradora.  O seguro de um Gol 1.0 pode custar mais de R$ 2 mil reais por ano nas grandes cidades. Já o seguro do carro popular da Hyundai, o HB20, que custa mais caro que o Gol pode ser R$ 500,00 por ano mais barato.

O perigo de financiar carro sem avaliar os custos

Quando você compra um carro financiado o banco verifica se o valor da parcela não irá comprometer mais de 30% da sua renda. Quanto maior o comprometimento maior o risco de descontrole financeiro e inadimplência. O problema é que o simples fato de ter um carro vai fazer sua renda familiar baixar. No caso de um carro popular este custo mensal pode chegar a R$ 890,00 (veja a tabela acima). E isto vai acontecer de uma forma relativamente oculta. Você não vai perceber que o custo mensal do seguro, da depreciação, combustível, manutenção se ele for diluído durante os anos, mas este custo vai refletir na sua renda.

Será que você realmente pode comprometer 30% da sua renda com o financiamento se tiver um custo mensal de R$ 890,00 para manter o veículo funcionando? Para escrever este artigo fiz uma simulação de financiamento de veículo no Bradesco. O valor financiado era de R$27.490,65 em 60 meses. A parcela ficou em R$ 978,78. A renda familiar da pessoa deveria ser maior que R$ 3.200,00 para não comprometer mais de 30% com as parcelas. Se você levar em consideração que este veículo vai gerar um custo de R$ 890,00 mensais a renda desta pessoa deveria ser de no mínimo R$ 4.090,00.

O resultado é que as prestações do veículo se tornam muito pesadas e acaba comprometendo a qualidade de vida da família. No dia de assinar o contrato de financiamento você acreditava que as parcelas cabiam no seu bolso mas esqueceu de verificar como ficaria seu bolso mantendo um carro.  Se a pessoa ganha R$ 3.200,00 e terá um custo mensal médio com o carro de R$ 890,00 isto significa que terá que viver com R$ 2.310,00 (3200 – 890). E ao pagar a parcela de R$ 978,78 ela terá que sobreviver com apenas R$ 1.331,22 (2310 – 978,78).

Fica a pergunta: É melhor andar de ônibus com todo sofrimento que isto significa e usufruir de uma renda de R$ 3200,00 por mês ou é melhor comprar um carro e ter que sobreviver com R$ 1.331,22 ?

Aqui no Clube dos Poupadores você pode baixar um simulador de financiamento de veículos que utiliza a Tabela Price. Eu também recomendo que você leia o artigo que mostra as verdades e mentiras sobre financiamento de veículos com taxa zero.

Quanto custa seu tempo?

Antes de decidir andar de bicicleta, de ônibus ou a pé, você precisa saber quanto custa o tempo que você perde no seu deslocamento diário. Manter um helicóptero é muito caro, mas para algumas pessoas pode ser mais barato que manter um carro. Para o presidente de uma grande empresa, pode ser mais barato ir para o trabalho de helicóptero.

O dinheiro que ele perde ficando 1 hora por dia no trânsito pode significar perdas de milhões de reais todos os meses em negócios que poderiam ser feitos se ele estivesse no escritório.

Vamos imaginar um profissional que atende seus clientes em casa como um eletricista. Com um veículo ele pode visitar um número maior de clientes por dia e o aumento nos ganhos compensam os custos com o veículo. Outras questões devem ser observadas como a segurança de andar de carro em relação ao transporte público, principalmente para quem possui filhos pequenos e idosos em casa. Avalie o desgaste físico e mental de se deslocar em transporte público lotado (depende de cada cidade). Muitas vezes este desgaste também prejudica a sua produtividade e afeta seu bolso.

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