A indústria de produtos e serviços para animais de estimação no Brasil fatura R$ 18.9 bilhões por ano (fonte). Será que o brasileiro gasta muito ou pouco com seus bichos de estimação?

Podemos descobrir fazendo algumas comparações. Somos um povo que investe 17,24 bilhões de reais por ano na educação dos nossos filhos (pré-escola ao segundo grau). Somos um povo que gasta 19,86 bilhões de reais por ano com alimentos básicos. Somos um povo que gasta 20,3 bilhões de reais com serviços de cabeleireiros, manicure e pedicure (fonte).

Somos um povo que também adota coisas de estimação.  Todos os anos, só com a compra de carros novos, gastamos 139 bilhões de reais (fonte). Outros bilhões são gastos com seguros, manutenção, combustível, juros e taxas com financiamentos, etc.

Também temos vícios de estimação que custam caro. Temos uma indústria de bebidas que fatura  R$ 70 bilhões e que gera prejuízos 4,5 vezes maiores com o alcoolismo (fonte). Somos um povo que paga R$ 12,9 bilhões de impostos para fumar e depois gastamos R$ 56,9 bilhões com tratamentos e prejuízos gerados pelo tabagismo (fonte). Nenhum desses vícios supera o vício de gastar o que não tem através das dívidas (R$ 427 bilhões por ano, fonte).

Somos um povo que investe somente R$ 5,9 bilhões por ano comprando livros (fonte). Isso é só um pouco acima do que os clubes de futebol faturam por temporada (fonte).

Não importa o que você tem de estimação. O importante é se você tem consciência do impacto na sua vida financeira.

Animais de estimação e problemas financeiros

Até os bichos de estimação sofrem com a falta de educação financeira dos seus donos. Uma pesquisa entre donos de animais de estimação mostrou que 67% costumam esbanjar nos gastos com o pet, sem se importar com o preço ou um possível prejuízo às finanças pessoais.

Quando o pesquisador perguntou por qual motivo a pessoa se comportava dessa forma as respostas foram:

  • 29,9% acreditam que o animal merece, por ser tão companheiro;
  • 24,4% mencionam a sensação de felicidade que a compra proporciona a eles;
  • 16,5%, por sua vez, admitem que quando veem coisas que gostam, sentem uma vontade grande de comprar e não conseguem controlar-se.

A pesquisa mostrou que 38,0% dos donos de animais de estimação pesquisados economizam nas compras de coisas para si mesmo em detrimento de itens para o animal de estimação. Entre as mulheres esse número passa dos 45%.

Outros números da pesquisa:

  • 30,6% deixaram de adquirir algum produto ou pagar contas para fazer compras para o pet (aumentando para 37,3% entre os mais jovens);
  • 37,1% deixaram de adquirir produtos de uso pessoal para pagar tratamento de saúde ao animal de estimação, sobretudo os mais jovens (43,4%);
  • 14,8% deixaram de ir a restaurantes;
  • 10,6% deixaram de viajar;
  • 22,8% deixaram de guardar dinheiro para si ou para a família por causa de compras do animal de estimação;
  • 73% já tiveram gastos imprevistos com o animal de estimação (54% relacionados com doenças);
  • 43,8% comprometeram o orçamento ou fizeram dívidas para pagar tratamentos de saúde do
    pet;
  • 14,2% dos entrevistados estão com nome sujo por causa de compras relacionadas ao pet.

Você pode consultar outros números da pesquisa nessa página aqui.

Escolha livre e responsabilidade obrigatória

Você é livre para escolher como pretende gastar o seu dinheiro, mas é o único responsável pelas consequências futuras sobre as suas escolhas.

Ter um animal de estimação não depende apenas do querer. Você precisa avaliar se realmente tem condições para se responsabilizar financeiramente pelo animal por vários anos ou até décadas.

Acredito que não está nos seus planos passar pela situação de ter de escolher entre pagar a escola do seu filho ou pagar um tratamento de saúde que vai salvar a vida do seu cão.

Para ter um animal de estimação é necessário ter uma reserva de dinheiro para cobrir as emergências. É necessário prever no seu orçamento todos os gastos mensais e anuais do animal para evitar surpresas. Seu cão e sua família agradecem por esse tipo de cuidado preventivo.

O ato de adquirir um novo animal de estimação trará junto com ele diversas despesas mensais previsíveis que vão elevar seu custo de vida.

O padrão de vida do seu cão também vai impactar suas finanças. Veja qual seria o seu custo anual para manter gatos e cães de diversos portes seguindo um estilo de vida padrão e um estilo de vida premium.

Para chegar nesses números utilizei essa pesquisa aqui. Os valores foram atualizados pela inflação acumulada entre a publicação original e esse artigo. Os valores mensais foram multiplicados por 12 para que fosse possível encontrar o custo anual.

É claro que nem todos terão os mesmos custos e a tabela acima não reflete todas as realidades possíveis para todos os tipos de família e animais. A tabela acima é apenas um convite para que você crie a sua própria tabela de despesas do seu animal ou do seu futuro animal de estimação.

Existem raças que geram custos maiores que outras. Existem pessoas que pagam plano de saúde para cães, compram brinquedos, alimentação especial, roupas, pagam cuidadores e até fazem festas de aniversário para seus bichos. Os custos são crescentes. Algumas raças de cães e gatos podem viver muitas décadas e os custos com medicamentos, tratamentos e veterinário podem crescer com o tempo.

Consciência antes de fazer comparações frustrantes

Como falei, o importante é fazer escolhas conscientes observando os custos que essas escolhas geram. Uma vez, uma pessoa entrou em contato comigo para reclamar da vida profissional e financeira que tinha.

Ela falava que muitos dos seus colegas de trabalho, que ganhavam igual ou menos que ela, viviam em condições financeiras melhores.

Eles viajavam, comiam em restaurantes diferenciados, compravam pequenos luxos e alguns até conseguiam poupar e investir dinheiro no final do mês. Apesar dela ganhar bem e ter a mesma profissão, o dinheiro dela não dava para nada e nunca sobrava.

Isso já tinha se transformado em uma fonte de frustração profissional e financeira. Ela trabalhava muito e não conseguia aproveitar a vida da forma que seus amigos aproveitavam, muito menos conseguia guardar para ter um futuro melhor.

Bastou alguns minutos de conversa para ela revelar que era apaixonada pelos seus quatro cães de estimação. Fazia questão de destacar que não eram cães, eram seus filhos. Eram cães de uma raça cara e que exigiam muitos cuidados para que pudessem se manter bonitos e saudáveis. Ela destacava que era a mesma raça que muitas celebridades gostavam de criar.

Apesar de ganhar o mesmo salário dos seus colegas, ela fez escolhas diferentes sobre como gastar o próprio dinheiro. Seus cães representavam um custo anual considerável por receberem um estilo de vida “premium”.

O dinheiro que os amigos dela estavam gastando com uma boa viagem no final do ano, com restaurantes e até com a possibilidade de poupar e investir mais, ela estava gastando todos os meses para manter a qualidade de vida sofisticada dos seus quatro cães.

É importante deixar claro que ela não está fazendo nada errado. O dinheiro é dela e ela tem todo direito de gastar esse dinheiro da forma que a faz mais feliz. Quanto a felicidade dos cães, eles são felizes só com a presença e o carinho dela. Não precisam de nada que não seja o básico para se sentirem satisfeitos com a vida.

Cães precisam de pouco para se sentirem satisfeitos com a vida

O erro está em não ter consciência sobre suas decisões financeiras. O erro está nessa ignorância sobre o destino do próprio dinheiro, que logo se transforma em queixas, reclamações, descontentamento com a vida profissional e financeira.

Devemos ter consciência das decisões que tomamos e dos seus custos. Isso permite levar uma vida feliz com os resultados que estamos colhendo, sem comparações depressivas entre a vida que escolhemos ter a vida que as outras pessoas escolheram ter.

As decisões sobre como gastar nosso dinheiro são livres. O que teremos como resultado dessas escolhas são de nossa responsabilidade.

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