Se você está entrando na casa dos 30 anos, leia esse artigo com atenção. Você precisa tomar alguns cuidados financeiros nos próximos 10 anos. Não faz muito tempo que completei quatro décadas de vida e pude observar meus últimos 10 anos e, especialmente, os últimos 10 anos das pessoas que conheço que fazem parte da minha geração (amigos, parentes, colegas, etc.).

Recentemente li um artigo estrangeiros com conselhos financeiros para quem completou 30 anos. A realidade lá fora é bem diferente da realidade brasileira e resolvi fazer uma lista dos piores erros que você poderia comentar na sua vida financeira ao entrar na casa dos 30, com base na nossa realidade.

Erro 1 – Você acha que terá mais dinheiro no futuro

Uma percepção comum entre aqueles que estão entrando na casa dos 30 anos é a de que podem gastar tudo que ganham hoje por existir muito tempo no futuro para ganhar mais dinheiro.

Por experiência própria, entre os 30 e 40 você terá uma percepção de que o tempo está passando muito rápido. Parece que quanto mais envelhecemos, maior a percepção de que o tempo está passando rapidamente. Num piscar de olhos você já estará com 40 anos.

Ser otimista com relação ao futuro é muito bom, quando você usa esse otimismo para crescer na vida. O problema é que ser muito otimista pode fazer você ficar parado no tempo. O otimismo também pode paralisar.

Pior do que gastar tudo que ganha na casa dos 30 é comprometer uma boa parte da sua renda futura. É essa a parte da sua renda que você deveria poupar para poder investir e prosperar no futuro.

É na casa dos 30 anos que as pessoas tomam a decisão de sabotar o seu próprio futuro financeiro. Para aproveitar ao máximo, as pessoas fazem dívidas que comprometem a renda familiar até os 40, 50 ou 60 anos de idade. É o caso do financiamento de imóveis.

É na juventude que temos mais disposição para trabalhar e conquistar aquilo que sonhamos assumindo mais riscos. Com o passar do tempo ficamos mais avessos ao risco. Já percebeu que são os jovens empreendedores que criam as empresas mais inovadoras? Eles possuem tempo, disposição e motivação para o risco.

Quando você é jovem fica mais fácil escolher um estilo de vida mais simples diante da sua renda. É mais fácil poupar primeiro (pensando no futuro) e viver com o que sobra. O problema é que não é isso que os jovens estão fazendo. A maioria pensa da seguinte forma: “Hoje eu tenho que comprar isso, isso e isso e guardarei o que sobrar para o meu futuro”. O correto seria “Hoje eu vou guardar essa quantia para o meu futuro e o que sobrar irei comprar isso”.

Erro 2 – Escolher o emprego que paga mais

Existem oportunidades de trabalho que pagam mais e não oferecem perspectivas de crescimento futuro. Considere a sua vida profissional como um investimento. Existem atividades que podem gerar uma renda maior no curto prazo, mas que podem comprometer o seu futuro profissional.

É importante ter uma visão de longo prazo. Talvez você encontre oportunidades que não remuneram muito agora, mas que pode ser entendida como um investimento que vai gerar frutos melhores e maiores nos próximos anos. Pessoas que buscam resultados financeiros rápidos acabam tomando decisões trágicas. A busca por dinheiro rápido e fácil no curto prazo pode arruinar a sua vida para sempre.

No meu primeiro emprego, quando tinha entre 18 e 19 anos, era pago para trabalhar metade do dia. Entendia aquele emprego como um investimento. Não era uma fonte de renda. O que eu ganhava era pouco perto da oportunidade de aprender. Por este motivo, mesmo recebendo o menor salário da empresa, mesmo tendo a obrigação de trabalhar apenas meio período, eu era o funcionário que chegava mais cedo e o que saia mais tarde. Muitas vezes ainda levava trabalho para fazer em casa. Eu era jovem, tinha muita energia, muita motivação, tempo e disposição para crescer rápido.

Erro 3 – Jogar tempo e dinheiro fora com educação

Nem todo tempo e dinheiro que você gasta com educação vai gerar resultados positivos na sua vida profissional e financeira. Tem muita gente que literalmente jogou tempo e dinheiro no lixo depois dos 30 anos fazendo cursos de especialização que nunca fizeram qualquer diferença na sua carreira.

Não gaste dinheiro com um MBA antes de compreender claramente os benefícios que ele poderá gerar na sua vida profissional. Não faça cursos apenas pelo fato de todos estarem fazendo.

Já vi pessoas que se tornaram estudantes profissionais. Terminaram a faculdade, começaram outra, depois fizeram uma pós-disso, pós-daquilo e assim vão seguindo gastando tempo e dinheiro sem qualquer resultado efetivo na vida profissional.

Nem toda educação formal compensa. É claro que existem aquelas que são importantes, mas isso não é regra. Existe uma clara desconexão entre as teorias apresentadas no mundo acadêmico e a realidade das empresas. Dependendo da sua área de interesse, o conhecimento acadêmico ficará ultrapassado rapidamente. Seja um eterno autodidata.

Eu aprendi muito mais fora das salas de aula. Com duas ou três notas de R$ 10,00 você pode comprar livros de grandes autores nacionais e internacionais. Por algumas notas de R$ 100 você pode fazer cursos rápido e práticos pela internet. Talvez não faça muito sentido perder o seu tempo e milhares de reais ouvindo um professor qualquer em uma instituição formal de ensino qualquer da sua cidade.

Encare o tempo e o dinheiro que você gasta com educação como um investimento. Busque o melhor retorno.

Erro 4 – O carro

Ter um carro como meio de transporte pode ser importante.  Ter um carro para resolver problemas de autoestima é um erro grave.

Se você acredita que é importante ter um carro caro, daqueles que você só pode comprar financiando em 60 vezes, para poder ser uma pessoa bem vista e respeitada, é mais barato procurar a ajuda de um psicólogo.

Se você acredita que ter um carrão vai melhorar os seus relacionamentos, amizades e até namoro, você precisa tomar cuidado com o tipo de gente que está tentando se relacionar.

Existem pessoas na casa dos 30 anos que acreditam que o veículo é um instrumento que serve para medir o seu nível de sucesso profissional e financeiro. Esse tipo de crença é ótimo para quem fabrica e vende veículos.

Se você acreditar na propaganda das montadoras passará décadas da sua vida sustentando os lucros dessas empresas e dos bancos que financiam esse tipo de “indústria de ilusões”.

Encare o seu carro como uma máquina de lavar. A máquina de lavar existe apenas para lavar roupas. Você não será uma pessoa melhor por comprar uma máquina de lavar de luxo. Ela não resolve seus problemas psicológicos e sociais. Com os carros deveria ser a mesma coisa, eles só deveriam ser usados para ir e vir.

Se você ficar trocando de carro a cada 2 ou 3 anos, vai viver só para pagar as prestações dos carros que você terá. Se você cuidar bem do seu carro poderá ficar com ele por 8 ou 10 anos. Durante a sua vida produtiva você terá no máximo meia dúzia de carros. Certamente você tem coisas mais importantes para fazer na sua existência do que ficar trocando de carro todo ano, e morrendo de trabalhar para tornar essa bobagem possível.

Caso você já tenha o hábito de trocar de carro regularmente usando como argumento frases do tipo “Eu sou apaixonado por carros” pense na possibilidade de reavaliar suas paixões. Você não está condenado a ser o que é para sempre. Faça uma reflexão crítica sobre isso. Você pode ser melhor que isso.

Erro 5 – Gastar tudo com o casamento

Segundo o IBGE, a idade média dos brasileiros no dia do casamento é de 30 anos. Eu já fui em casamentos de pessoas que gastaram o equivalente a um apartamento para realizar a festa.

Curiosamente essas mesmas pessoas optaram por morar em um apartamento financiado por décadas e outras estão pagando aluguel. Muitos esquecem que o casamento tem um objetivo básico, muito antigo para não dizer primitivo, que é de compor uma família.

Desculpe a dureza das palavras, mas na minha opinião iniciar a sua família acumulando enormes dívidas de uma festa de casamento é uma grande tolice. Sim, as festas são bonitas, divertidas, emocionantes, ficam na memória, mas como ficam as consequências?

Você pode estar trocando algumas horas de “alegria” por vários anos de transtornos financeiros. Não deixa de ser mais uma sabotagem do seu “eu presente” contra o seu “eu futuro”.

É claro que se você tem dinheiro sobrando para uma festa grandiosa e extravagante, ninguém tem nada com isso. O dinheiro é seu e você faz o que bem entender com ele. O problema é quando você comete exageros, sem ter condições para isso, sem ter uma clara consciência do impacto disso no seu futuro.

Casamentos luxuosos é para quem pode pagar por eles sem que isso resulte em consequências desastrosas no seu futuro financeiro.

Mesmo assim, se uma festa de casamento luxuosa é aquilo que dá sentido para sua vida, o ideal é que você poupe com bastante antecedência para que ele não comprometa coisas que são realmente importantes e que talvez você só possa perceber essa importância no futuro.

Aproveite os preparativos para o casamento e converse abertamente sobre dinheiro com seu parceiro ou parceira. É melhor fazer isso agora. Não esconda nada. Seja sincero quando o assunto for dinheiro na vida a dois. Isso vai evitar uma enorme quantidade de problemas conjugais no futuro envolvendo o dinheiro.

Pesquisas apontam que o dinheiro é o segundo maior motivo de separações no mundo. Existem muitos casamentos que são o início de problemas financeiros que resultam em futuras separações.

Erro 6 – Os exageros do primeiro filho

Tome muito cuidado com as decisões que você irá tomar antes mesmo da chegada do seu primeiro filho. Existe muito exagero que você pode evitar. Eu já vi pessoas que gastaram verdadeiras fortunas com a decoração de quartos, móveis planejados, berços de luxo e carrinhos de bebê que custam preços absurdos.

Já tive contato com pessoas que trocaram de imóvel, sem nenhuma necessidade, com a desculpa de que a criança precisava morar em um condomínio com piscina para ser feliz. Já vi pessoas que venderam imóveis próprios para encarar dívidas elevadas para garantir aquilo que acham ser o conforto dos filhos.

Também já vi pessoas que fizeram péssimos planos de previdência privada que os bancos criam para crianças. São produtos que, na maioria das vezes, são verdadeiros lixos financeiros oferecidos por grandes bancos.

Tenha a certeza que a coisa mais valiosa que você pode dar para o seu filho é o seu tempo e a sua atenção.

Se a chegada do seu filho representar um forte aumento nas suas despesas, mais endividamentos, mais financiamento, você terá que trabalhar muito mais para compensar e vai acabar tirando do seu filho aquilo que ele mais gostaria de receber que é a sua atenção.

Seu filho pequeno não quer plano de previdência, não quer apartamento grande, não quer herança, não quer viagem para a Disney, não quer duas babás para cuidar dele enquanto você trabalha enlouquecidamente. O seu filho só deseja a sua presença. O resto é invenção da sua cabeça. Se você tiver tempo livre para cuidar da saúde mental, emocional e intelectual do seu filho na primeira década de vida dele, pode ter certeza que ele será capaz de buscar a própria prosperidade financeira. Ele estará preparado para isso.

Erro 7 – Educação financeira para os seus filhos

Crianças são seres que nascem configurados de fábrica para copiar o comportamento e as crenças dos país. É muito importante que você se eduque financeiramente antes de ter filhos.

Mostre para eles que dinheiro não nasce em árvore. Mostre que para colher é necessário plantar. Mostre que colher o que o outro plantou é um erro. Mostre que não existe almoço grátis, brinquedo grátis, energia elétrica grátis, roupa grátis e governo grátis.

Não esconda o mundo do dinheiro do seu filho. Ele deve aprender como as coisas funcionam. Os recursos são escassos, mas os desejos humanos são infinitos. Recursos e desejos devem ser administrados com inteligência.

É importante que ele entenda que o dinheiro precisa ser respeitado pelo fato dele representar o suor de alguém, o tempo e a energia de vida de alguém que realizou um trabalho útil.

Mostre para o seu filho que o mundo recompensa as pessoas que realizam um bom trabalho. Faça ele desejar servir a humanidade realizando um trabalho exemplar. Mostre que o dinheiro e a prosperidade financeira é uma consequência sólida daqueles que aprendem a servir os demais com competência. Mostre que os atalhos no mundo do dinheiro não compensam.

Se você não for competente na educação financeira do seu filho, a futura vida financeira dele será um grande problema para você. Ignorância financeira passa de geração em geração. Até os seu netos e bisnetos serão prejudicados.

A melhor coisa que podemos fazer para o bem daqueles que amamos é crescer. Quando digo crescer, estou falando do crescer em todos os sentidos. Crescer profissionalmente, financeiramente, intelectualmente. Você cresce quando troca vícios por virtudes. Você cresce quando apura os seus valores e acumula conhecimentos e sabedoria. Os seus filhos agradecem e o resto da humanidade também.

No Clube dos Poupadores e nos meus livros (veja aqui) eu falo mais sobre como crescer financeiramente.

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