Ter um filho pode custar mais de R$ 2,6 milhões entre o seu nascimento e a idade de 23 anos. Este investimento que os pais fazem nos filhos pode atingir cifras muito maiores. Nem todo filho com 23 anos já terminou a faculdade, conseguiu um emprego e está levando uma vida economicamente independente. Pais que pagam todas as contas dos filhos adultos é cada vez mais comum.

Aqui no Clube dos Poupadores existe um artigo chamado “Pare de sustentar filhos adultos. Não comprometa sua aposentadoria” onde mostro o problema que muitos pais estão enfrentando ao comprometerem recursos destinados para sua aposentadoria com o sustento de filhos adultos, saudáveis e em idade produtiva. Este artigo bateu recordes de compartilhamento no Facebook. Foram mais de 85 mil compartilhamentos em poucos dias.

Cheguei a esse valor de R$ 2,6 milhões de reais corrigindo os valores de uma pesquisa publicada em 2012 (fonte). Este valor considera todos os gastos que uma família de Classe A teria com cada filho até completar 23 anos. Para uma família de classe C investiria R$ 513 mil em cada filho. Segundo o IBGE, uma família de classe A é aquela que tem renda maior que 15 salários mínimos. A Classe B tem renda entre 5 e 15 salários. A Classe C tem renda entre 3 e 5 salários. A Classe D tem renda entre 1 e 3 salários. A Classe E tem renda até 1 salário.

Neste cálculo não entram os gastos com tratamento para engravidar, custos durante a gestação, gastos com o projeto e a decoração do quarto do bebê, necessidade de mudar de imóvel (casa ou apartamento maior) e outros objetos como carrinho de bebê, enxoval, móveis, etc.

Pode parecer estranho calcular quanto custa um filho, afinal de contas nossos filhos não possuem preço. Mas a grande verdade é que não podemos negar o impacto que um filho gera nas finanças de uma família. O aumento das despesas é inevitável antes mesmo da chegada da criança. É uma questão de responsabilidade de cada pai e mãe avaliar quantos filhos podem ter. A sua renda familiar é limitada e por isto a quantidade de filhos que você pode ter garantindo todos os seus direitos também é limitada. Vale lembrar que as crianças possuem direitos garantidos por lei e todos eles custam muito caro. São eles: direito a uma educação de qualidade, acesso à cultura, direito de brincar, direito de não trabalhar, alimentação de qualidade, saúde de qualidade e segurança.

Apesar do Estado cobrar caro (através dos impostos) para oferecer educação, saúde e segurança para a sociedade, na prática isso não acontece. Você acaba sendo obrigado a pagar duas vezes. Você paga impostos para receber serviços do Estado e ao mesmo tempo é obrigado a pagar por serviços privados de educação, saúde e segurança para garantir os direitos dos seus filhos.

Por isto a  pergunta correta não é “Quantos filhos vocês querem ter ?”. A pergunta certa é “Quantos filhos vocês podem ter?”.

Se todos os pais fossem capazes de avaliar sua capacidade financeira para sustentar e educar as crianças que querem colocar no mundo, muitos problemas sociais que enfrentamos seriam menores. Isto mostra que a falta de educação financeira pode estar na origem de muitos problemas. Quanto maior a qualidade de vida que você pretende dar para os seus filhos, maior deverá ser sua renda. Menos filhos significa mais recursos para investir na educação deste filho.

Planejamento e Reserva de Emergência

Antes de ter um filho é importante que você monte ou amplie sua reserva de dinheiro para emergências. Basta imaginar como seria trágico perder o emprego, sem ter nenhuma reserva em dinheiro, logo depois do nascimento do seu filho ou filha. Algumas despesas com a criança são previsíveis, outras despesas podem ser inesperadas.

Entre as despesas previsíveis está o custo mensal com fraldas. Logo ao nascer são pelo menos oito trocas de fraldas por dia. Se cada fralda custa R$ 1,00 você terá uma despesa adicional de R$ 240,00 por mês só com as fraldas. Se o seu filho parar de usar fraldas com 1 ano e meio de vida sua despesa, só com fraldas, ultrapassará R$ 4 mil.

É importante criar uma planilha e listar todas as despesas previsíveis antes e logo depois da chegada da criança. É certo que você terá aumento no consumo de luz, água, farmácia e supermercado. Terá custos adicionais com roupas (que se perdem rapidamente), plano de saúde, vacinas (existem várias que são importantes, caras e não são fornecidas pelos postos de saúde).

Para os casais iniciantes, é interessante ter uma babá com alguma experiência nos primeiros meses por serem os mais trabalhosos. As vezes os avós oferecem ajuda, mas não devemos abusar da boa vontade dos nossos pais. Se você tem condições financeiras o ideal é prever a necessidade de uma babá ou de alguém que possa ajudar nas tarefas da casa (que irão aumentar muito com a chegada do primeiro filho).

Tudo isso mostra a importância do planejamento. Devemos avaliar custos, fazer as provisões e ainda criar uma reserva para aquelas situações impossíveis de prever.

Transformei a lista de enxoval divulgada gratuitamente no site diversalia.com.br em uma planilha Excel que permite calcular seus custos.


 

Seguro de vida

Muitos leitores me perguntam o que eu acho sobre seguro de vida. Com a chegada do primeiro filho você percebe que a criança terá sérios problemas se você morrer ou acontecer algum acidente que comprometa a sua renda. As pessoas costumam ter filhos quando estão começando a acumular algum patrimônio. Quando não existe educação financeira o casal provavelmente não pensou neste assunto. No lugar de acumular patrimônio eles estão acumulando dívidas.

Quando a família não tem patrimônio e existe sérios riscos de problemas financeiros no caso de um falecimento ou acidente, os gastos com seguro de vida e de acidentes pode serão um mal necessário. Ao contratar um seguro você está pagando uma empresa para assumir um risco que você está correndo.  Quem compra imóvel ou carro financiado já é obrigado a pagar um seguro, muitas vezes sem saber por estar embutido nas prestações. Existem seguros específicos que cobrem o pagamento das despesas escolares e de saúde (plano de saúde) dos seus filhos no caso de falecimento. O ideal é que você construa seu patrimônio com o passar dos anos e no futuro não dependa mais de seguros para oferecer segurança para sua família.

Poupança no nome do filho

Tem muito pai que gosta da ideia de fazer plano de previdência para os filhos assim que eles nascem. Eu sou pessoalmente contra os planos de previdência, principalmente esses planos oferecidos por grandes bancos, cheios de apelo emocional, com baixa rentabilidade e que cobram taxas abusivas para fazerem investimentos que você mesmo poderia fazer.

Também não vejo sentido em abrir uma conta para crianças ou bebês com o objetivo de guardar uma grande quantidade de dinheiro até atingirem a idade adulta. Se você deseja guardar dinheiro para pagar as despesas do seu filho até ele ficar independente, faça isso utilizando a sua conta e não uma conta no nome dele.

Você provavelmente terá oportunidades melhores de investimento e taxas melhores utilizando as opções que os bancos e as corretoras oferecem para você. Você pode até abrir uma conta em nome do seu filho(a), como uma conta poupança, quando a criança estiver maior. O objetivo será educativo. É interessante que a criança entenda o banco como um lugar onde emprestamos nosso dinheiro e recebemos juros em troca, e não como um lugar onde pegamos dinheiro emprestado para passar a vida pagando juros.

Melhor herança que existe:

Eu sou pessoalmente contra os objetivos que alguns pais colocam na cabeça de que devem juntar dinheiro para comprar um apartamento e um carro para cada filho quando chegarem na idade adulta. O pai que faz isso, tira do filho a coisa mais preciosa que existe que é o prazer de conquistar as coisas pelo próprio esforço. Existe uma enorme diferença entre ganhar um apartamento e um carro de graça dos pais e batalhar para comprar o seu primeiro carro e o seu primeiro apartamento. O prazer da conquista não tem preço e muitos pais tiram isso dos filhos sem perceberem o que estão fazendo. Falo isso por experiência própria. Eu tive o prazer de comprar o meu primeiro carro sem a ajuda dos meus pais e sem ajuda de nenhum banco. Era um carro popular, com 3 anos de uso, comprado à vista depois de muito trabalho e muita economia. A experiência positiva de trabalhar, poupar e realizar meus sonhos sem depender de ninguém é a verdadeira herança que recebi dos meus pais.

Seu filho não precisa de carro e muito menos de apartamento. Você deve ensinar o valor do trabalho, da honestidade, do planejamento, da poupança e do investimento na busca pelas metas e objetivos que forem traçados. O resto será consequência.

Seus filhos não precisam dos frutos das árvores que você plantou durante a vida, eles precisam aprender a plantar suas próprias árvores para que possam colher os frutos que plantaram. A felicidade do seu filho, dos seus netos e bisnetos dependem destes valores que você precisa transmitir como a maior de todas as heranças que um pai (e uma mãe) pode deixar para seus filhos.