Você não foi feito para poupar e por isto, se não consegue, a culpa não é totalmente sua. O ser humano já nasce programado para consumir todos os recursos que estiverem disponíveis, imediatamente. Pensar no futuro e deixar de consumir hoje para consumir amanha é um sinal de maturidade e evolução. O ato de poupar é a prova de que nossa racionalidade pode controlar nossos instintos.

Isto nos remete ao tempo em que éramos seres nômades coletores de alimentos. Ao encontrar uma fonte de comida, a ordem era comer o máximo possível. O excesso se transformaria em gordura que seria sua reserva de energia até o dia que fosse possível encontrar outra fonte de alimento.

Somente com o desenvolvimento da agricultura o homem parou de coletar e começou a planejar o futuro. Plantava na primavera para colher no verão. As sobras eram guardadas para garantir a sobrevivência no inverno. Assim começou a sociedade em que vivemos hoje.

O problema é que as evoluções sociais são mais rápidas que as evoluções genéticas. Grande parte da população ainda vive uma vida de nômade, buscando prazeres imediatos, consumindo tudo que possuem ao alcance das mãos, deixando os problemas do amanhã para serem resolvidos amanhã. Este estilo de vida não se adapta mais com nossa realidade. Vivemos em um mundo onde a economia passa por períodos de crescimento seguidos de períodos de crise, como as estações do ano para o agricultor. Vive melhor aquele que percebe a necessidade de poupar no crescimento para não sofrer durante as crises.

Felizmente temos o lado racional da nossa mente que é capaz de nos ajudar a desenvolver novos hábitos e com isto controlar o imediatismo dos nossos instintos.

Exemplos ensinam mais que palavras e por isto vamos agora ter contato com outras visões de mundo. Assista os dois vídeos abaixo e leia meus comentários. Primeiro vamos levar um puxão de orelha do empresário multimilionário Flávio Augusto. Depois vamos aprender mais com a dona Rita Graczyk, ex-empregada doméstica que conquistou a independência financeira fazendo faxinas e hoje vive em um apartamento com vista para o mar.

O que um empresário bem sucedido e uma ex-doméstica possuem em comum? Os dois desenvolveram, desde cedo, bons hábitos com relação ao dinheiro e ao consumo e hoje desfrutam suas conquistas. Os exemplos dos dois são a prova de que não adianta aprender a investir dinheiro se você não modificar seus hábitos primeiro. Estamos falando de uma nova postura diante da vida que permitirá poupar dinheiro suficiente para investir e atingir sua independência financeira.

Lições do empresário que começou do zero.

O Flávio, filho de família humilde, começou de zero quando ainda morava no subúrbio do Rio de Janeiro. Fundou um dos maiores cursos de línguas do país, Wise Up, que foi vendido para a Abril Educação em 2013 por quase R$ 1 bilhão (fonte). Hoje ele dedica muito do seu tempo em um projeto gratuito de educação para jovens empreendedores chamado Geração Valor.

Assista o vídeo que se chama: Você quer ser um pagador de contas para o resto da vida?

O Flávio diz que existem dois estilos de gestão de finanças pessoais. Vamos conhecer os dois:

Modelo Consumista

Existem pessoas programadas para o consumo. Elas estão repletas de hábitos e crenças que as conduzem para o consumismo. A base de suas vidas é o desfrute imediato de todos os recursos que possuem disponíveis. É o comportamento primitivo, muitas vezes irracional e totalmente emotivo que está ligado no prazer imediato, na satisfação máxima de todos os desejos e impulsos.

No vídeo, ele diz que conhece pessoas que possuem renda mensal de R$ 500, R$ 5000 e R$ 50.000. Independente da renda, estas pessoas gastam tudo que ganham.  O problema está na forma como elas pensam.

A pessoa que hoje ganha um salário mínimo, desenvolve a seguinte crença: “Hoje ganho pouco e por isto não poupo nada, gasto tudo. No dia que ganhar mais, sobrará mais dinheiro e ai sim vou começar a poupar”.

Quando a pessoa finalmente começa a ganhar mais, ela cria uma nova justificativa: “Hoje eu ganho mais só que não sobra nada, afinal de contas, tenho muitos sonhos acumulados e assim que realizar todos os sonhos vou começar a poupar. Quem sabe quando começar a ganhar ainda mais…”. Com esta programação mental, o dia de poupar nunca chega.

A medida que a renda da pessoa cresce os bancos e instituições financeiras começam a oferecer crédito fácil. É um tipo de assedio. Quanto mais dinheiro você movimenta no banco mais eles te oferecem crédito. Quando você menos precisa de dinheiro emprestado, mais eles querem te emprestar dinheiro, fornecer cheque especial e cartões de crédito. Utilizando ações de marketing e técnicas de persuasão, convencem as pessoas que elas não deveriam poupar, ao invés disso deveriam usar o dinheiro que sobra para pagar prestações. Elas pregam a ideia: Se você pode ter hoje, não precisa esperar e nem poupar! Compre financiado agora!

Eles querem que você antecipe seus sonhos de consumo através de empréstimos e financiamentos. A pessoa fica deslumbrada com a possibilidade de ter hoje aquilo que só poderá ter amanhã. A ideia de poupar parece demorada e muito chata.

Se antes a pessoa já gastava toda sua renda, agora começa a gastar o dinheiro dos outros. Ela faz o financiamento de um carro zero, compra aquele apartamento em bairro mais nobre, passa a parcelar tudo usando o dinheiro emprestado. À medida que se endivida, uma parcela maior da renda fica comprometida com o pagamento de juros. É assim que os bancos conseguem ficar com todo dinheiro que a pessoa poderia poupar ao longo da vida. Grande parte da riqueza que produz acaba sendo drenada pelo sistema financeiro.

O objetivo do sistema é exatamente este. Eles querem tirar o potencial de poupança das pessoas através das dívidas e dos pagamentos de juros. Não é a toa que os bancos são as instituições privadas mais poderosas e ricas do mundo.

Quando você poupa, investe e depois consome, aproveita os juros à seu favor já que durante o período de acumulação você será remunerado. Quando você se endivida para realizar seus sonhos, além enriquecer os bancos, ainda os remunera pagando juros e correções monetárias.

Quando a pessoa mergulha nas dívidas, o dia de poupar e investir nunca mais chega. Pagar dívidas e contas se transforma na razão de viver da pessoa. A formação de patrimônio e a independência financeira ficam seriamente comprometida na vida daqueles que possuem uma orientação para o consumo.

Perceba que todo problema não está na falta de conhecimento sobre investimentos, economia ou domínio da matemática financeira. Todos os problemas se originam nos maus hábitos financeiros que estão dentro da sua mente.

Modelo Progressista

Depois o Flávio começa a falar sobre o que ele chama de gestão de finanças pessoais orientada para o progresso. O objetivo seria administrar o seu dinheiro para construir patrimônio e conquistar a sua independência financeira.

A base deste modelo está em poupar primeiro e consumir depois. Perceba que no modelo anterior (modelo consumista) a pessoa acredita que precisa primeiro consumir e só poupar se sobrar algum dinheiro. No modelo defendido por todos os educadores financeiros a ideia é justamente o contrário disso.

A primeira coisa que você deve fazer ao receber seu salário é poupar uma parte. Pode ser 20% da sua renda. Com isto restará 80% para viver e consumir. Perceba que a poupança é a prioridade. Toda sua vida precisa se adaptar aos 80% que restarem.

Você deve poupar 20% do seu salário de maneira radical. Não adianta esperar o dinheiro sobrar para depois poupar porque o dinheiro nunca sobra. Mesmo que você ganhe um salário de R$ 50 mil, o dinheiro nunca irá sobrar pois os desejos e o consumismo crescem em proporções ilimitadas. Quanto mais se tem, mais se gasta.

A construção do seu patrimônio e a sua independência financeira devem ser o objetivo central. Todas as outras coisas devem ser secundárias e sua vida financeira deve se adaptar ao que sobra depois que você poupa. As pessoas são extremamente adaptáveis. Diante de uma nova situação podemos sim mudar nossos hábitos para que possamos nos adaptar a novas condições. No começo, o desconforto com a mudança é inevitável, mas tudo pode ser superado.

O Flávio sugere um exercício. Se já faz mais de 10 anos que você trabalha, calcule quanto você teria hoje se tivesse reservado 20% do seu salário nos últimos 120 meses em uma aplicação financeira com alguma rentabilidade. Use o nosso simulador de juros compostos. O Flávio sugere que este dinheiro seria suficiente para abrir um negócio. Através deste negócio você poderia se livrar do emprego e multiplicar seu patrimônio através do empreendedorismo. Trabalhar para si mesmo é um terceiro passo de uma série que seria: poupar, investir para empreender.

No final ele deixa muito claro que tudo depende da formação de novos hábitos financeiros.

Lições da empregada doméstica financeiramente independente

Agora vamos aprender com a sabedoria da Dona Rita Graczyk, ex-empregada doméstica que conquistou a independência financeira fazendo faxina e hoje mora em um belo apartamento próprio, quitado, com vista para o mar.

 

Fiz um resumo das dicas deixadas por ela no vídeo:

Dica 1: Dona Rita gostar do que se faz. Dona Rita declara que adora trabalhar e por isto sempre trabalhou com capricho e boa vontade. Inevitavelmente isto a tornou uma faxineira muito requisitada.

Dica 2: Dona Rita esta comprometida com a alta produtividade. Seu trabalho era feito com eficiência, ou seja, utilizando os recursos que tinha, da melhor forma possível, sem desperdício de tempo e recursos. Com isto Dona Rita conseguia facilmente fazer 14 faxinas por semana.

Dica 3: Dona Rita sempre foi para o trabalho a pé. Não se sentia mal por isto, afinal de contas ela estava fazendo aquilo que as pessoas pagam caro para fazer nas academias. Ela estava poupando dinheiro do transporte e ao mesmo tempo fazendo atividade física sem gastar nada com academia.

Dica 4: Dona Rita nunca pagou juros para bancos. Nunca comprou nada financiado, parcelado ou fez empréstimos. Toda riqueza que a maioria das pessoas passam a vida transferindo para os bancos, em forma de juros, a dona Rita economizou e hoje desfruta.

Dica 5: Dona Rita fez investimentos de longo prazo. Comprou terrenos em áreas desvalorizadas da cidade e esperou a valorização. Esta estratégia é muito utilizada por quem planeja aposentadoria e eu falo sobre ela no meu livro Como Investir em Imóveis.

Dica 6: Dona Rita se preocupou com a criação de renda passiva. Uma das formas é através dos aluguéis de imóveis.

Dica 7: Dona Rita nunca gastou mais do que tinha. Só compra à vista e sempre pede desconto.

Dica 8: Dona Rita não liga para as tendências da moda. Ela compra roupa boa, pagando mais caro, só que tem cuidado com a roupa para que ela dure mais e com isto não precise comprar novas roupas com tanta frequência.

Dica 9: Dona Rita percebeu que poupar é mais importante do que ganhar muito dinheiro, principalmente se o objetivo é acumular patrimônio. Quem precisa de muito dinheiro é quem gasta muito. Quem poupa muito só precisa de paciência. Não importa quanto você ganha, o importante é como você poupa e como investe o que poupou.

Dica 10: Dona Rita sente o prazer de quem compra as coisas depois de ter lutado por elas. A emoção de comprar um bem através do esforço e sacrifício é infinitamente maior do que o prazer de comprar assumindo uma enorme dívida. Também valorizamos e nos alegramos mais com as coisas que conquistamos com sacrifício e esforço próprio.

Estou preocupado com os leitores do Clube dos Poupadores

É claro que a Dona Rita é um caso extremo. Devido a sua profissão, ela ganha muito pouco e por isto precisa trabalhar muito para poupar mais. Provavelmente este não é o seu caso. Quem ganha mais pode poupar mais. O exemplo mostra que você pode muito mais que a Dona Rita e talvez esteja desperdiçando boas oportunidades por não ter desenvolvido ainda os bons hábitos financeiros.

Antes de aprender quais são os melhores investimentos, você precisa mudar seus hábitos para que possa poupar mais e viver melhor, sem se deixar levar pelo estilo de vida consumista que o sistema te induz a levar.

A realidade que você vive hoje é fruto das suas crenças e dos seus hábitos. Promova uma mudança interior e a sua realidade exterior se modificará radicalmente.

Eu recebo muitos comentários aqui no Clube dos Poupadores e fico preocupado quando vejo que a pessoa está mergulhada em maus hábitos financeiros. Elas são incapazes de perceber isto. Perdem muito tempo tentando aprender sobre como investir e como ganhar mais dinheiro, quando não conseguem ver o maior problema que carregam. Na conquista da independência financeira existem duas grandes etapas. Uma não funciona direito sem a outra.

A primeira etapa é a mudança de todos os maus hábitos e crenças ruins sobre tudo que se relaciona com o dinheiro. A segunda etapa é aprender mais sobre como investir e multiplicar aquilo que conseguiu poupar. Percebo que muitos leitores do Clube dos Poupadores ainda deveriam trabalhar a primeira etapa, só que já estão tentando aprender a investir e os resultados são ruins e desanimadores. O problema é a deficiência da primeira etapa. O mesmo acontece quando vejo alguém querendo abrir uma empresa para resolver os problemas financeiros que enfrenta. Estas pessoas estão pulando etapas.

Nesta semana que passou conversei com uma gerente de um grande banco. Não posso dizer o nome e nem o banco onde trabalha. Por força da profissão, ela entende tudo sobre o sistema financeiro e as diversas opções de investimento. O problema é que ela não consegue colocar tudo que sabe em prática porque gasta tudo que ganha. Não consegue investir porque os maus hábitos financeiros impedem. Perceba que uma coisa não funciona sem a outra. A pessoa que não se preparou, mesmo que consiga poupar alguma coisa, não conseguirá ter o dinheiro investido por muito tempo.

Seus maus hábitos vão encontrar uma maneira de fazê-la gastar tudo que investiu da forma menos inteligente possível. Aprender como obter as melhores taxas de juros não serve para nada se você não conseguir manter o dinheiro investido, ou se não conseguir dinheiro para investir. Conheça cursos e livros que recomendo para quem quer investir na própria educação financeira.

 

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