Se a economia brasileira fosse uma pessoa doente seria possível dizer se ela está se recuperando ou piorando através da observação de indicadores, números e gráficos.

Um desses indicadores é a variação do PIB (Produto Interno Bruto). Esse nome estranho nada mais é do que a soma do valor (R$) de todos os produtos e serviços finais produzidos por todas as indústrias, agronegócios e empresas de serviço do país.

Se o Brasil fosse um supermercado e tudo que foi produzido durante um ano estivesse nele, bastaria somar o preço de todos os produtos e serviços para saber o PIB do período. Depois, bastaria comparar com o período anterior e verificar se o PIB subiu ou caiu.

Um PIB que aumenta com o passar do tempo indica que a sociedade (empresários + trabalhadores) está produzindo mais riquezas. Por este motivo, o PIB serve como forma de medir a atividade econômica ou a geração de riquezas do país.

Observe o gráfico:

Cada coluna acima indica quanto o PIB cresceu ou diminuiu (%) em relação ao trimestre anterior. As colunas amarelas indicam PIB negativo (menos riqueza produzida) e as colunas azuis indica PIB trimestral positivo (economia crescendo).

As duas últimas colunas azuis do gráfico acima mostram o primeiro e o segundo trimestre de 2017.

Podemos observar que saímos de um período recessivo que durou oito trimestres, observe no gráfico abaixo. Essa recessão ficou registrada como a mais intensa da história (fonte).

 

O gráfico abaixo mostra o PIB trimestral dos últimos 10 anos. Cada coluna azul é quanto o PIB trimestral variou em relação ao trimestre anterior. A linha pontilha é um índice de confiança.

A linha pontilhada representa o ICEI ou “Índice de Confiança do Empresário Industrial” divulgado todos os meses nesse site aqui.

Agora em setembro esse índice atingiu seu maior valor desde 2013. Observado o gráfico acima é possível perceber que esse índice de confiança praticamente antecipa o que vai acontecer com a economia.

Os empresários sentem na pele, todos os dias, a situação da economia. Eles estão em contato direto com todos os agentes. Eles estão em contato com fornecedores, comerciantes, clientes, concorrentes, bancos e governo. Quando as coisas não estão bem os empresários são os primeiros a sentir.

Podemos observar na linha pontilhada do gráfico acima que em 2010 o índice de confiança começou a cair e a situação piorou muito a partir de 2012. Quando o empresário não está confiante ele simplesmente pisa no freio e isso desencadeia uma série de consequências.

Outros números indicam melhores condições para a economia como a queda dos juros. A taxa Selic já esteve na casa dos 14,25% e agora está em 8,25% (queda de 6 pontos). O gráfico abaixo mostra o PIB e a taxa Selic através da linha pontilhada.

Juro baixo pode parecer ruim para o pequeno investidor acostumado com os ganhos passivos da renda fixa, mas devemos observar que não adianta juro elevado com inflação elevada. Devemos sempre observar o juro real que é aquele que temos quando descontamos a inflação.

O juro menor desestimula a poupança e o investimento de renda fixa e, ao mesmo tempo, estimula o consumo e a renda variável.

Observe no gráfico abaixo a linha pontilhada que representando a taxa Selic (taxa básica de juros da economia) em comparação com o PIB trimestral.

 

Agora vamos observar a inflação no gráfico abaixo. Ela nunca esteve tão baixa desde a criação do regime de metas para a inflação. No gráfico abaixo, a linha representa a inflação e as colunas representam o PIB trimestral dos últimos 10 anos.

 

Observe logo abaixo a diferença entre taxa Selic (linha preta) e inflação (linha vermelha) para constatar que essa diferença (juro real) continua elevada.

Agora vamos observar o Ibovespa que é um índice que mede o desempenho das principais ações das empresas brasileiras listadas na bolsa de valores. Através das linhas pontilhadas podemos ver o “fundo do poço” em 2016 e o índice praticamente dobrando nos meses seguintes.

 

Todos esses gráficos do artigo foram gerados através de um site estrangeiro chamado tradingeconomics.com. Eles exibem números das principais economias do mundo e o acesso é livre.

Índice de incerteza política e econômica

Existe outro site estrangeiro chamado policyuncertainty.com, que descobri recentemente, que elabora um índice chamado “Índice de incerteza política e econômica”. Eles criaram uma metodologia simples para “rastrear” incertezas que podem afetar a confiança dos empresários e da sociedade.

Você já deve ter percebido que existe uma relação grande entre o sentimento de insegurança, incerteza ou desconfiança da sociedade diante de quem governa e trajetória da economia.

Imagine o Brasil como se ele fosse um grande barco a remo.

Políticos e instituições financeiras estão na popa do barco, controlando o leme, ditando a direção do país. São parceiros inseparáveis. Um não pode existir sem o outro. O primeiro vive da cobrança de impostos e o segundo vive da cobrança de juros e taxas.

No restante do barco encontramos os que pagam esse impostos, taxas e juros. Os empresários estão em pé por toda a extensão do barco. Eles investem no desenvolvimento de novos remos e expandem o barco criando novos postos de trabalho para os remadores. Eles contratam os remadores, pagam seus salários e direitos trabalhistas enquanto gritam: remem, remem e remem.

Quando os empresários começam a desconfiar que o barco está sendo direcionado para uma região perigosa, turbulenta, cheia de pedras e situações de risco, eles ficam receosos. Eles deixam de gritar “remem” com tanta empolgação.

Os remadores estão sentados trabalhando e não conseguem ver direito o que está por vir, mas sentem que alguma coisa está errada.

Diante da incerteza sobre o destino do barco, remadores e empresários começam se preparam para o pior e isso significa poupar energia e remar menos. O barco perde velocidade para enfrentar águas turbulentas e com isso também fica mais instável.

Confusões no meio do barco envolvendo políticos corruptos e seus amigos criam ainda mais desconfiança e instabilidade entre remadores e empresários.

Enquanto alguns políticos e empresários são presos o barco vai mudando de rumo e começa a retomar a velocidade. O problema é que a instabilidade política ainda não acabou no meio do barco.

O site http://www.policyuncertainty.com desenvolveu uma metodologia para medir a instabilidade política dos países. Observe o gráfico abaixo (fonte) que mostra as instabilidades desde 1991 até 2017.

O site mede a incerteza política e econômica monitorando as palavras-chave que aparecem em jornais e que estão relacionadas com a instabilidade. Eles partem do princípio de que as notícias refletem a insegurança. De certa forma ela também realimenta e espalha a insegurança.

É interessante observar no gráfico acima que realmente ocorre um aumento do índice durante crises como a de 2008, intervenções do governo no preço da gasolina, energia e juros dos bancos públicos em 2012, escândalo da Petrobras em 2014, protestos e impeachment em 2015 e 2016. O último momento crítico no gráfico foi o escândalo envolvendo a JBS e outras empresas.

Apesar dos números da economia serem positivos, indicando uma melhora, a instabilidade política e econômica continua crescente e forte.

O gráfico que mostra a instabilidade mundial também não é animador:

É claro que esse tipo de índice é apenas uma ferramenta curiosa. O número limitado de palavras e de fontes pode comprometer o resultado.

Devemos lembrar que em 2018 teremos eleições. Anos de eleições costumam ser tensos e cheios de incertezas. É difícil saber quem assumirá o leme do país, qual equipe econômica será montada, quais serão as decisões dessa equipe e se essas decisões irão tranquilizar empresários, investidores e trabalhadores ou se serão motivos para mais instabilidade e desconfiança.

Tudo indica que ainda teremos muita bagunça no meio do barco com gente grande sendo investigada e presa dentro de novos escândalos que fazem o barco balançar. Se isso tudo não bastasse, a situação fiscal do país continua sendo um problema que precisa ser resolvido.

Momentos de instabilidade geram riscos, mas também geram oportunidades no mundo dos investimentos.

Diante da maior crise da história, teoricamente, podemos ter a maior recuperação da história. O grande problema é saber quando isso vai acontecer.

O que podemos fazer enquanto isso é nos preparar, buscar mais conhecimento, desenvolver novas habilidades, fortalecer os braços, as pernas e a mente para remar da melhor forma possível.

 

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