BDR significa “Brazilian Depositary Receipts”. Eles são “recibos de depósito” negociados na bolsa de valores brasileira que representam ações de empresas negociadas em bolsas de outros países como EUA.

Você pode entender um BDR como um investimento ou um recibo que tem lastro em ações de empresas estrangeiras.

Quem compra um BDR de uma empresa como a Apple (AAPL34), Netflix (NFLX34),  Amazon (AMZO34) e outros negociado na bolsa brasileira (são mais de 500) não está comprando ações diretamente no exterior.

Este investidor está adquirindo uma espécie de recibo que tem seu preço equivalente ao preço da ação que ele representa. As ações que lastreiam o BDR existem, mas estão depositadas (custodiadas) no exterior em nome de uma instituição financeira (geralmente um banco). Quem emite o BDR no Brasil são essas instituições depositárias.

Então, um BDR é criado quando uma depositária compra ações no exterior, deixa essas ações lá fora em um custodiante para poder vender recibos no Brasil que representam essas ações.

Os órgãos que regulam o mercado brasileiro sempre restringiram e/ou dificultaram o investimento em BDRs. Até pouco tempo só investidores classificados como “qualificados” podiam comprar e vender BDRs no Brasil. Agora qualquer investidor pode comprar BDRs e certamente isso ocorreu devido ao crescente interesse do pequeno investidor brasileiro em realizar investimentos no exterior. Muitos já abriram contas em corretoras nos EUA e estão investindo diretamente em ações, ETFs, moedas, metais e renda fixa.

Os baixos custos e as facilidades que a internet oferece para a abertura de contas no exterior (seguindo as leis e regras vigentes) atrai até mesmo os pequenos investidores que possuem muito pouco para investir.

Observando a fuga dos pequenos investidores brasileiros para o exterior, onde podem comprar ações diretamente, as autoridades brasileiras resolveram permitir que esses investidores possam comprar todos os tipos de BDRs, sem a necessidade de ter R$ 1 milhão em investimentos.

É uma forma de manter esses pequenos investidores brasileiros comprando ativos no Brasil, pagando corretagens e emolumentos para as instituições brasileiras. Como sempre, somente quando a concorrência aperta é que as dificuldades impostas são reduzidas. Somente quando o pequeno investidor busca o conhecimento é que consegue perceber que existem oportunidades para serem exploradas.

Eu entendo que o investimento em BDRs possui uma série de desvantagens quando o comparamos com o investimento direto em ações através de uma conta aberta no exterior.

Vou listar alguns pontos que tornam o BDR desvantajoso:

  • Moeda forte: quando você investe em ações através de recibos comprados em reais (BDRs) que representam ações negociadas em dólares, você está usando “moeda fraca” para comprar um ativo cotado em “moeda forte”. O preço do BDR sofrerá: variações constantes provenientes das variações no preço do dólar; sofrerá com a oferta e demanda do BDR no Brasil e sofrerá efeitos das cotações da ação que lastreiam o BDR. Então você pode acreditar que as ações do seu BDR estão se valorizando, mas o que ocorre é apenas uma variação no preço do dólar. Tudo isso torna a avaliação do investimento mais complexa do que se você realmente tivesse dólares em uma conta no exterior e comprasse ações diretamente no exterior.
  • Dividendos: Quando você tem ações no exterior e a empresa paga dividendos, você recebe esses dividendos em dólares na sua conta na corretora e pode usar esses dólares para comprar mais ações.
  • Baixa liquidez: A liquidez dos BDRs é muito baixa quando a comparamos com a liquidez das ações negociadas lá fora. Existem mais de 500 BDRs listadas na bolsa brasileira. Só que mais de 300 tiveram menos de R$ 10 mil negociados por dia no último ano. Quase 200 não foram negociadas no último mês, ou seja, ninguém comprou e ninguém vendeu esses BDRs. Somente 16 negociam mais de 1 milhão por dia. Isso cria uma diferença significativa entre o preço de compra e de venda (spreads) encarecendo as negociações com BDRs. As principais ações negociadas nas bolsas americanas (eles possuem várias bolsas) estão entre as mais liquidas do mundo. Existem ações americanas que negociam mais volume financeiro durante um dia do que todas as ações da bolsa brasileira juntas. E você pode comprar e vender essas ações com grande facilidade através de uma conta aberta no exterior.
  • Poucas opções: Existem pouco mais de 500 BDRs listados na bolsa brasileira, a maioria sem liquidez, enquanto no mercado americano existem mais de 5000 ativos disponíveis, incluindo ações de diversos países.
  • Impostos: Ao investir em BDRs, não existe isenção de imposto sobre ganhos de capital. É cobrado o imposto de 15% para qualquer ganho de capital que você tenha na venda de BDRs. Quando você tem ganho de capital vendendo ações no exterior, existe isenção se você negociar menos R$ 35 mil por mês. Essa isenção também vale para ganho de capital na venda de ETFs negociados no exterior.
  • Mínimo elevado: Como nossa moeda é fraca e as ações americanas são cotadas em dólares, os BDRs negociados no Brasil custam muito caro. Para investir em um BDR como o da Amazon (AMZO34) você precisar comprar no mínimo 10 BDRs sendo que cada um custava mais  R$ 9 mil quando escrevi esse artigo, ou seja, você precisa investir mais de R$ 90 mil em um único BDR caso queira investir na Amazon. Com a recente mudança promovida pela bolsa brasileira, agora é possível comprar apenas um BDR,  mas mesmo assim o preço de R$ 9 mil por BDR pode ser elevado para o pequeno investidor concentrar em uma única ação. Um pequeno investidor que investe diretamente nos EUA pode comprar uma única ação da Amazon (não existe lote mínimo) ou pode comprar frações de uma ação inteira (sim, você pode comprar metade ou partes de poucos reais de uma ação). Você define o tamanho da fração e do investimento que deseja fazer e isso representa liberdade. Com esses R$ 9 mil do nosso exemplo você pode montar uma carteira com ações de diversas empresas onde você realmente terá ações em seu nome e não recibos lastreados em ações.
  • Feriados: existem pelo menos 13 feriados na bolsa brasileira que não acontecem nos EUA. Ao investir no exterior você poderá tomar decisões livremente nesses dias. Se investir em BDRs terá que esperar o próximo dia útil.
  • Risco Brasil: Uma das maiores vantagens de se investir no exterior é ter uma parte do seu patrimônio bem distante das leis, regras, normas, decisões políticas, jurídicas, burocráticas e econômicas criadas pelas pessoas que mandam e desmandam no nosso país. Investir no exterior significa retirar um pouco do “Risco Brasil” da sua carteira de investimentos.

Alguns mitos importantes que você deve questionar

  • Abrir conta em corretora no exterior é muito simples e rápido. Você pode abrir em poucos minutos usando um aplicativo de celular. Já existem corretoras que oferecem serviços em português.
  • Você pode abrir uma conta conjunta e no caso de morte a outra pessoa ficará com os recursos na corretora já no nome dela. O imposto sobre herança será de 0% se o seu investimento no exterior não ultrapassar US$ 60 mil dólares, que é uma quantia muito elevada para um pequeno investidor se você multiplicar isso pelo atual preço do dólar. Já para seus investimentos no Brasil esse imposto é de 4% a 8% dependendo do lugar onde você mora.
  • A declaração do imposto de renda é equivalente a declarar imposto de renda no Brasil. Existe corretora lá fora que fornece os relatórios já considerando os dados que a Receita Federal solicita para o investidor brasileiro.
  • É muito simples nos dias de hoje enviar dinheiro para o exterior de forma totalmente legal. É tão simples quanto efetuar uma transferência bancária.

Para aprender a investir no exterior eu recomendo que você leia o meu livro Como Investir no Exterior. Neste livro eu mostro como abrir conta em uma corretora no exterior que atende o investidor brasileiro. Eu apresento tudo que você precisa saber, começando do zero, para investir em ações, ETFs e REITs (fundos imobiliários) nos EUA. Para conhecer mais detalhes sobre o livro visite aqui.

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