A alta do dólar desperta o interesse das pessoas pelo seu uso como uma forma de investimento. Será que no longo prazo o dólar consegue superar a rentabilidade de investimentos mais conservadores e menos voláteis como títulos públicos e títulos privados emitidos por bancos (CDB, LCI, LCA e outros)?

É verdade que vivemos em um país onde a inflação sempre foi elevada, mas também é verdade que os juros reais pagos pela renda fixa (juros acima da inflação) foram os mais elevados entre as grandes economias do mundo.

Para quem vive endividado, o Brasil parece ser o pior dos mundos. Para quem já aprendeu a poupar e investir, o Brasil oferece oportunidades. São raras as economias onde é possível obter juros acima da inflação através de investimentos de baixo risco (renda fixa) como títulos públicos que pagam IPCA + juros. Obter juros acima da inflação é a base para qualquer projeto de acúmulo de patrimônio para atingir a independência financeira ou uma boa aposentadoria.

Dessa forma, guardar dólares ou adquirir investimentos passivos que apenas replicam as variações do dólar (como os fundos cambiais) pode não ser uma boa ideia no longo prazo, mas pode ser uma opção para operações de prazo mais curto quando o dólar entra em um ciclo de alta em momentos de crise.

Observe no gráfico abaixo que o dólar só apresenta grande valorização em momentos bem específicos. Exemplos: momentos de incerteza política, como os anos eleitorais e situações de crise local ou global.

As incertezas sobre o futuro econômico e político do nosso país fazem a nossa moeda perder valor frente ao dólar. Incertezas sobre o futuro econômico e político global faz o dólar valorizar perante grande parte das moedas do mundo. Quando as incertezas passam, ocorrem grandes correções.

Observe o gráfico abaixo. Você pode clicar para ver maior.

Esse gráfico mostra um índice da taxa de câmbio real calculado pelo Banco Central (Série 11753 – Índice da taxa de câmbio real (IPCA) – Jun/1994=100 – Dólar americano). Você pode fazer estudos parecidos utilizando o gráfico do índice da taxa de câmbio real. Também pode ver o gráfico do índice da taxa de câmbio real com eventos históricos.

Esse índice funciona assim: o Banco Central adotou o número 100 e começou a corrigir esse número pelas variações do câmbio. O número 100 seria o valor do índice em junho de 1994. Os valores para os anos anteriores ou posteriores foram corrigidos pelo câmbio considerando a inflação brasileira (IPCA) e a inflação que atinge o dólar (CPI ou Consumer Price Index).

O índice atual é 153,47. Isso significa que mesmo com toda a valorização do dólar entre 1994 e 2020 (No início do Plano Real, US$ 1,00 chegou a custar R$ 0,95) o poder de compra do dólar atualmente passou de R$ 100 para R$ 153,47. Não parece muito para tanto tempo.

Já se você tivesse guardado R$ 100 em uma gaveta em 1994 as perdas seriam grandes. Para comprar, em 2020, as mesmas coisas que você podia comprar com R$ 100 em 1994, seria necessário gastar R$ 628,94. É como dizer que R$ 100 hoje tem o mesmo poder de compra de R$ 15,92 em 1994. A simulação abaixo foi feita aqui

Se você dividir R$ 100,00 pelo índice de correção que aparece na tabela acima (6,28…) vai encontrar o número 15,92. Isso significa que R$ 100,00 nos dias de hoje só poderia comprar aquilo que R$ 15,92 compraria em 1994, no início do plano Real.

 

O gráfico acima mostra o preço do dólar em reais desde o início do Plano Real. Essa é a taxa de câmbio nominal, sem considerar a inflação. Você pode estudar um gráfico do dólar atualizado e de forma interativa clicando aqui.

Podemos observar que em somente 3 momentos o dólar atingiu as proximidades ou ultrapassou a casa dos R$ 4,00, até ocorrer a crise provocada pela pandemia em 2020 que fez o dólar disparar. A primeira vez aconteceu em 2002. Mas perceba que em 2002 esses R$ 4 tinham um poder de compra bem maior do que os R$ 4 nos dias de hoje.

Em 2002, quando o dólar atingiu R$ 4,00 pela primeira vez, o salário mínimo era R$ 200,00, a gasolina custava R$ 1,76 e a taxa Selic era de 20,9% ao ano (fonte). O dólar por R$ 4,00 em 2002 era como se o dólar hoje estivesse próximo de R$ 8,00. Dessa forma, o poder de compra do dólar na nossa economia já foi bem maior do que nos dias de hoje.

 

O gráfico acima nos mostra a rentabilidade que você teria se tivesse feito investimentos em rendem o equivalente ao Tesouro Selic (linha roxa), ouro (linha amarela), índice Bovespa (linha vermelha), S&P500 (linha azul), dólar (linha verde). O gráfico começa em março de 2009, início do processo de recuperação da crise de 2008 e vai até outubro de 2020 durante a crise da pandemia. Você pode acessar esse estudo visitando aqui.

A linha roxa representa um investimento com rentabilidade equivalente a da Taxa Selic ou da Taxa DI (CDI). Como o Brasil manteve taxas de juros muito elevadas no passado e como se trata de renda fixa (sem variações) o resultado chegou a superar a alta do Índice Bovespa entre 2009 e 2020. Perceba que entre 2010 e 2016 os resultados da bolsa brasileira não foram bons. A recuperação ocorreu somente depois do último impeachment.

Com juros muito baixos no Brasil, não existe dúvida de que os resultados positivos da renda fixa (pós-fixada) no passado não devem continuar. O mesmo não podemos afirmar ainda com relação a renda prefixada e corrigida pelo IPCA. Por esse motivo é importante que o pequeno investidor aprenda mais sobre investimentos de renda variável no Brasil ou até mesmo investimentos de renda fixa e renda variável no exterior onde os ganhos de capital, juros e dividendo são em dólares.

Podemos observar que o dólar e o ouro são bons investimentos quando eles estão em tendência de alta. Essas tendências costumam durar meses ou alguns anos dependendo da situação da economia local e global. Podemos perceber que dólar e ouro não são investimentos bons quando o nosso objetivo é de longo prazo a não ser que o seu uso se limite a reserva de valor e uma proteção.

Uma alternativa interessante para o investimento utilizando dólares seria comprar ativos cotados em dólares e que podem obter ganho de capital, pagamento de juros e dividendos.

O investimento que se destacou no estudo acima foi o que poderia ter sido feito no índice S&P500 que é o índice que mede o desempenho das 500 principais ações negociadas no mercado americano. Não deixa de ser um investimento em dólares mas com o diferencial de serem dólares investidos em empresas que se valorizam e distribuem lucros (dividendos). Como investidores brasileiros podemos investir no S&P500 através de ETFs negociados aqui na bolsa brasileira ou através de ETFs em uma corretora nos EUA. A vantagem dos ETFs comprados no exterior é que eles pagam dividendos (depositam os lucros na sua conta). Para aprender a investir em ETFs negociados na bolsa brasileira leia o livro Como Investir em ETF. Para aprender a investir em ETFs, ações e fundos imobiliários negociados no exterior leia o livro Como Investir no Exterior.

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