Será mesmo que o dinheiro é a raiz de todo mal ou será que entendemos alguma coisa errada? Quem ganha quando grande parte da população cultiva essa crença?

Se você acredita que o dinheiro é o culpado por graves problemas humanos como a pobreza, fome, guerras, crimes, corrupção, desmatamentos, aquecimento global e outros, isso significa que você precisa entender melhor sobre a função do dinheiro, pois, do contrário, isso vai impactar negativamente a sua relação pessoal com ele.

Como alguém pode ganhar, acumular e investir o próprio dinheiro acreditando que está manipulando aquilo que causa o sofrimento da humanidade? Como dormir com a consciência tranquila se algo dentro de você diz que poupar e investir significa colaborar com o mal do mundo?

É bem evidente que não é saudável para a sua vida financeira cultivar esse tipo de crença, mas o fato é que ela faz parte do senso comum. A ideia que relaciona o dinheiro ao mal faz parte das origens da nossa cultura.

O dinheiro para nós ainda tem algo da magia dos velhos tabus da época em que toda transação com dinheiro, como atividade bancária e empréstimos a juros, era considerada desonesta. Nos países antigos, lidar com dinheiro é ainda uma espécie de prazer proibido. Por isso, entre nós, é considerado de bom tom escamotear (esconder) assuntos de dinheiro. – Psiquiatra C. G. Jung, Livro: Civilização em transição.

Se você acredita que o dinheiro é a raiz de todo mal, inevitavelmente, mesmo que de forma inconsciente, você vai procurar uma forma de se livrar desse mal. Uma forma rápida, mas agradável, de fazer isso é correr para o primeiro shopping logo depois de receber o seu salário.

Você provavelmente conhece alguém que não podem ver dinheiro. É como se essa pessoa tivesse algum tipo de alergia. Ela sente uma agonia quando percebe que possui algum dinheiro parado no banco ou na própria carteira.

É como se a pessoa fosse obrigada a dar um destino imediato para o dinheiro. É como existisse algo no seu interior dizendo: “nunca deixe para gastar amanhã, aquilo que você pode gastar hoje“.

Sempre tipo de pessoa acaba encontrando algum motivo para gastar, desperdiçar, emprestar ou até perder dinheiro. Basta abrir o site de alguma loja na internet ou visitar as suas lojas preferidas. As empresas trabalham duro, todos os dias, para expor (através da propaganda) inúmeros “ótimos motivos” para que você se livre rapidamente do seu dinheiro. No fim, a pessoa consegue se livrar daquilo que, consciente ou inconscientemente, ela acredita ser a raiz de todo mal.

Algumas pessoas não se contentam com a ideia de se livrarem do dinheiro que possuem. Elas precisam encontrar uma forma para se livrarem até daquele dinheiro que ainda não possuem. Antes mesmo de receber o salário, elas já gastam tudo que vão ganhar no futuro utilizando o cartão de crédito, cheque especial, consignados e outros tipos de dívidas.

As empresas entendem isso como uma oportunidade. Nada melhor do que ter um negócio em uma sociedade que acredita que deve se livrar de todo dinheiro rapidamente. Assim, surgem todos os tipos de supérfluos engenhosamente desenvolvidos para que possamos dar fim ao nosso dinheiro. Uma boa publicidade persuasiva nos convence de que aquele supérfluo é vital para a nossa sobrevivência no mundo. No fundo, as empresas nos ajudam a fazer sumir a raiz de todo mal.

Bancos, financeiras e as empresas de cartão também ganham quando você acredita que precisa se livrar da raiz de todo mal, antes mesmo dela cair na sua conta.

Para o governo, essa ideia também rende muito. Você já deve saber que o governo precisa motivar o consumo da população. É quando você consome que mais paga impostos. Grande parte dos impostos que o brasileiro paga está embutido no preço dos produtos e serviços.

Não devemos nos espantar com políticos que defendem a ideia de que é papel do governo ajudar a população endividada a “limpar seu nome” de entidades como o SPC. Só assim essa população pode voltar a gastar até o que não tem (pelas dívidas), ajudando a elevar a arrecadação dos impostos.

Para finalizar, precisamos falar da religião e questões filosóficas.

Temos uma população composta por 87% de cristãos (fonte). É inevitável a influência dos escritos religiosos no comportamento dessa sociedade, incluindo o comportamento relacionado ao dinheiro.

Como apenas 8% dos brasileiros são considerados plenamente capazes de entender algo escrito (fonte), cultivar crenças com base em escritos antigos pode se tornar um problema.

São Paulo, escrevendo suas epístola. Quadro de Valentin de Boulogne (1591-1632) – Fonte da imagem.

Provavelmente a ideia de que o dinheiro é a origem de total mal se origine de um entendimento incompleto do trecho de um livro contido na bíblia, escrito por volta do ano 64, conhecido como Primeira Epístola a Timóteo. O capítulo 6, versículo 10 diz:

“Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”

O texto critica o amor ao dinheiro e não o dinheiro. Isso faz uma enorme diferença.

Veja o nosso contexto histórico. Nesse exato momento as nossas cadeias estão cheias de políticos, empresários e servidores públicos que amavam tanto o dinheiro que cometeram crimes contra toda a sociedade, mergulhando o país em uma crise econômica que faz vítimas todos os dias. O amor ao dinheiro foi mais forte do que o amor que eles tinham por seus familiares. O amor ao dinheiro foi maior do que qualquer respeito pelo país e pelas pessoas que vivem nele. Também falta amor pessoal, pois ninguém se corrompe (transpassa a si mesmo com muitas dores) se tem algum amor próprio. Existem pessoas que mentem, roubam e matam todos os dias por amor ao dinheiro de suas vítimas.

Esse amor ao dinheiro também pode ser autodestrutivo. Neste exato momento, existem consultórios, clínicas e hospitais cheios de pessoas com os mais diversos tipos de desequilíbrios e problemas de saúde por causas ligadas ao exagerado amor pelo dinheiro. São pessoas que prejudicam a própria saúde na cobiça que as fazem deixar de acreditar nelas mesmas e em outros valores igualmente importantes na vida.

Perceba que o mal não está no dinheiro, mas naquilo que você vem fazendo para ter dinheiro e naquilo que você faz depois que o tem.

São as pessoas que escolhem os caminhos, são elas que tomam decisões sobre tornar o mundo um lugar pior ou melhor fazendo uso do dinheiro que possuem.

Dessa forma, a informação de que o dinheiro é a raiz de todo mal, é #fake. O #fato é que o dinheiro é apenas um instrumento que nos permite exercer a nossa vontade.

É possível ganhar muito dinheiro entregando muito valor para a sociedade. É possível gastar o seu dinheiro promovendo o bem de todos. São nossas escolhas que agregam o bem ou o mal durante o uso da ferramenta que é o dinheiro.

Quando você aprende a lidar bem com o dinheiro, ele deixa de ser um problema e passa a ser uma ferramenta para construir soluções boas para você e para todos que entram em contato com você durante a sua vida.

Eu só posso estar aqui fazendo o que gosto, escrevendo meus artigos e os meus livros, graças a uma vida financeira independente que foi construída de forma lenta, justa, com persistência, um passo de cada vez e sem atalhos.

Muitas vezes é a má relação com o dinheiro que resulta na raiz de todo mal. Muitos problemas que vivemos hoje são sintomas de uma relação desequilibrada do homem com o dinheiro.

As pessoas devem entender o dinheiro como uma lâmina bem afiada. Nas mãos de um médico, pode salvar uma vida. Nas mãos de um criminoso, pode tirar uma vida. O bem e o mal está no homem que toma decisões relacionadas ao dinheiro.

A espada tinha esse mesmo simbolismo para os nossos antepassados mais distantes. Pela força da vontade de quem empunhava a espada, na figura dos seus dois gumes (dois lados afiados), ela podia cortar em nome do bem (justiça) ou em nome do mal (injustiças). Ela simbolizava o poder, assim como hoje o dinheiro simboliza o poder. Ela simbolizava a liberdade do homem que a empunhava em decidir entre praticar o bem ou mal, assim como podemos fazer hoje com o dinheiro.

Da mesma forma que, no passado, nem todos foram dignos e preparados para empunhar uma espada de forma justa, hoje, nem todos são dignos e preparados para assumir o controle por trás do poder que o dinheiro exerce. Cabe a cada um buscar esse preparo, pois o dinheiro também é como uma espada de dois gumes.

Se você se identifica com esse modo de pensar, vai gostar do meu livro sobre Independência Financeira.

Autor da imagem do menino e a espada: Yuri Shwedoff

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