Fiz um estudo sobre quanto tempo duram as correções na bolsa de valores e estou compartilhando com você. Considerei apenas as correções que fizeram os preços caírem mais de 9%.

Logo depois de um movimento de alta nos preços, com duração de dias, temos correções que duram dias. Nos movimentos de alta que duram semanas, temos correções que podem durar semanas. Nos movimentos de alta que duram meses, temos correções que podem durar meses.

Quando você observa o gráfico que mostra o índice Bovespa ou o gráfico de qualquer ação listada na bolsa, você poderá identificar pelo um movimento de contração logo depois de uma expansão.

Exemplo: no primeiro desenho da figura acima temos a expansão que vamos chamar de 1. Ela resultou na correção 2. Essa correção 2 funciona como as pernas de um jogador de basquete que se contraem para um novo salto ou impulso que podemos ver na expansão 3. Depois temos a contração 4 que impulsiona a expansão 5. Por fim, para corrigir todo esse movimento de 1 até 5 temos o movimento A, B e C para o início de um novo ciclo. As correções 2 e 4 normalmente representam entre 9 e 13% de queda nos preços. A correção ABC costuma produzir quedas de mais de 20%.

Curioso observar que cada expansão ou contração são formadas por diversas pequenas expansões e contrações. Exemplo: a expansão 1, que você pode ver no primeiro desenho da figura acima é composta por 5 movimentos de expansão e contração (ondas), como você pode ver no desenho central da figura acima. O que temos na verdade é uma espécie de fractal. O grande movimento é composto por pequenos movimentos que na verdade são suas miniaturas.

Esses movimentos ou essas ondas que podemos observar no índice Bovespa ou em qualquer índice que reflete o comportamento das ações mais negociadas da bolsa de um país, tem forte relação com a psicologia dos investidores ou psicologia das multidões.

Essas ondas representam fluxos de otimismo e pessimismo dos investidores, pois, na maioria das vezes, não é necessária qualquer mudança nos fundamentos das empresas ou da economia para desencadear esses movimentos. O que temos são mudanças de humor sobre o futuro que criam padrões evidenciados nos movimentos de preços dos mercados em todos os graus de tendência ou escala de tempo. Podemos dizer que ao estudar a análise gráfica de um preço, estamos analisando o comportamento das pessoas diante do que esperam sobre os fundamentos das empresas e das economias. Dica: em alguns gráficos basta clicar para ver maior.

Na figura acima temos as ondas que mantenho em um dos meus estudos pessoais. O primeiro ciclo de 5 ondas se inicia no começo de 2016. Observe que as onda 1, 3 e 5 são ondas de otimismo, onde os preços de praticamente todas as ações se expandem (o gráfico representa o índice Bovespa semanal). A onda 2 corrige a onda 1 e a onda 4 corrige a onda 3. A onda 5 e toda o movimento de alta de 1 a 5 são corrigidos por uma correção bem maior que está sinalizada na cor vermelha e possui três ondas identificadas pela letra A, B e C. Observe que a onda B é um preparativo para um grande movimento de queda para que todo o ciclo de ondas se reinicie.

Como mostrei nesse artigo aqui, grandes investidores não compram ações por qualquer preço. São eles que frequentemente aparecem na imprensa falando sobre “bolsa cara”, “bolha na bolsa”, “preços esticados”, “excesso de otimismo” e outros argumentos que apenas demonstram que estão aguardando a próxima correção para voltar a comprar. Como mostrei aqui, frequentemente posicionam suas carteiras para que possam aproveitar os movimentos.

As notícias que os mercados utilizam para justificar os movimentos corretivos são irrelevantes. Sempre existem eventos ruins acontecendo no mundo. As vezes alguma notícia ganha repercussão exagerada enquanto outras são praticamente ignoradas.

Toda ação de qualquer empresa pode ser atrativa se existir uma boa relação entre o preço cobrado por essa ação e os resultados que a empresa apresenta (lucros) ou pode apresentar (expectativas) no futuro e já falei sobre isso nesse artigo aqui.

Quando temos um grande movimento corretivo, onde os preços as ações caem mais de 10% ou até 20%, os que reclamavam da bolsa cara voltam a comprar as ações que gostariam de acumular. Normalmente fazem isso quando os preços recuam para médias importantes como as médias de 100 e 200.

No gráfico diário do índice Bovespa logo acima podemos ver que são raros os momentos em que a bolsa corrige até tocar médias importantes.

O preço médio dos últimos 100 costuma ser atingido 2 ou 3 vezes por ano. O preço médio dos últimos 200 períodos costuma acontecer pelo menos 1 vez durante o ano ou 1 vez a cada 2 anos. Já o preço médio dos últimos 20 dias costuma ser atingido pelo menos 1 vez por mês.

Podemos considerar que o preço médio das ações é uma espécie de consenso de todos os investidores sobre o real valor de uma ação. Os movimentos erráticos ou espasmódicos que temos acima ou abaixo dos preços médios são os movimentos especulativos, muito mais relacionados com questões psicológicas, otimismo, pessimismo com relação ao futuro das empresas e das economias.

No exterior não é diferente. Se tentou produzir pessimismo global através de uma série de declarações e ameaças que logo recebeu o título de GERRA comercial. Logo produziram fatos que sugeriam uma possível GUERRA contra o Irã ou uma terceira GUERRA mundial. Agora estamos em GUERRA contra mais um vírus da gripe.

Todo tipo de GUERRA normalmente estimula a atividade econômica real e produz uma queda nos preços de ativos financeiros, como as ações listadas na bolsa, e com isso é possível “desinflar” possíveis bolhas, sem um efetivo estouro. No passado os governos simplesmente aumentavam juros (tirando dinheiro de circulação), mas frequentemente isso resultou em estouros de crises ainda maiores.

Podemos dizer que bolhas sempre representam uma grande diferença entre o que as pessoas acham que as coisas valem e o que elas realmente valem. Quando você reduz o otimismo das pessoas, lentamente pode desinflar bolhas enquanto estimula a atividade real. Infelizmente as guerras, tensões e ciclos de pessimismo são ferramentas, principalmente agora com o mundo inteiro conectado através de notícias, redes sociais etc.

A CNBC (fonte) fez um estudo mostrando que correções resultam em um declínio de pelo menos 13,7% nas bolsas dos EUA e demoram cerca de quatro meses para se recuperarem aos níveis anteriores, em média. Quando a correção vai abaixo de -20% as recuperações são ainda mais longas. Eles contabilizaram 26 correções na bolsa de valores (não incluindo as quedas provocadas pelo coronavírus) desde a Segunda Guerra Mundial.

Correções na bolsa dos EUA produzem impacto global. Frequentemente afetam a bolsa brasileira, como está ocorrendo agora com a crise produzida pelo coronavírus.

Além das correções, existem as mudanças de tendência. Ocorre quando uma tendência de alta de muitos anos se transforma em uma tendência de baixa generalizada de muitos meses. Nos EUA foram 12 tendências primárias de baixa (que os americanos chamam de bear market) desde a Segunda Guerra. São pelo menos 1 ou 2 por década.

Nessas tendências de baixa os preços das ações chegam a cair pelo menos 32,5% em média no decorrer de um longo período que costuma durar 14,5 meses. O mais recente foi de outubro de 2007 a março de 2009, quando a bolsa americana caiu 57% e levou mais de quatro anos para se recuperar. No Brasil esse mesmo ciclo fez a nossa bolsa cair mais de 61% e a recuperação foi mais rápida. Nos EUA, essas tendências de baixa duraram 14,5 meses em média e levaram dois anos para se recuperar em média.

Na figura acima você tem um levantamento pessoal que fiz com as correções no índice Bovespa desde 2016. Foram 7 correções que registraram quedas maiores do que 9%. Os preços voltaram para os patamares anteriores depois de 113 dias em média, ou seja, quase 4 meses.

Não sabemos até onde vai a queda recente que tivemos, mas como você pode observar na figura acima, as correções podem demorar muito tempo. Não lembro de uma queda tão forte provocada por uma doença. É algo novo que nos fornecerá informações sobre o comportamento das pessoas e dos mercados diante do pânico produzido pela cobertura em tempo real dos números da doença.

Como as correções são longas temos tempo para estudar e tomar boas de decisões. A análise técnica/gráfica nos permite estudar o preço das ações das empresas e o comportamento dos investidores. A análise fundamentalista nos permite estudar o valor das empresas e o comportamento dos seus gestores. As duas são ferramentas importantes para boas decisões.

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